O desenhista gaúcho-amazonense resolveu assumir e se convencer de que, o que ele sabe mesmo fazer, é desenhar! Atualmente dedica-se às possibilidades do desenho a nanquim e através disso invoca imagens vindas de sonhos premonitórios, seres eróticos, bestas celestiais, potência onírica, shamanismo urbano, o amor incondicional e o delírio. Participa da Irmandade Upgrade do Macaco, onde vários amigos/artistas se unem com um propósito comum na exploração do imaginário. Além disso, Pingarilho está expondo no MCD Lab, confere aí a entrevista que fizemos com ele.
Qual é a primeira manifestação de arte que você lembra de ter na sua infância?
Dos amigos violeiros dos meus pais, a gente descia o Rio Negro, ficava três diasnuma praia deserta só no sonzinho da viola.
Aquele clichê de ‘nada se cria, tudo se copia’ vale pra você?
Se ter o bom senso, ter consciência e conhecimento da história da arte, se for pra isso, então já implica usar as técnicas dos antigos. As pessoas geralmente têm suas opções: usar técnicas para desenvolver o novo, ou ser um imitador. Quem busca o novo sabe das dificuldades de ser aceito em qualquer lugar. Porque difere, o imitador é como o causo do garotinho que faz sua banca de limonada na rua, se for sucesso, todos os outros vão fazer igual e na mesma rua, essas "novidades" chamam atenção, mas... Acho que o clichê se aplica as duas coisas, mas sabemos que a intenção difere.
O que você fazia antes de começar a trampar com arte? Faz alguma coisa além disso hoje?
Já trabalhei em produtora, mas é muita gente, até demais. Tenho sido bem recebido desde que comecei a mostrar meus desenhos. Na verdade é muito mais trabalho e esforço para conseguir as coisas, mas sem sofrimento...
Qual é a tua base de criação? Usa alguma técnica?
Uso várias, na verdade a abordagem para desenhar não existe regras, mas sim experiências adquiridas. O que existe são artistas que desenvolveram técnicas pessoais que foram se alastrando e se desdobrando. Sou um amante do gravurismo.
Qual a melhor atividade não-artística que você não abre mão?
Dançar!
No futuro arte será vendida em pílulas ou as pessoas já estão se dando conta da necessidade dela?
No Brasil existe a noção de que a expressão artística não é um mero adorno. Possuímos uma história, das escolas baianas de pintura do séc. XIX ao pintor Guignard. Temos outros momentos lembrados como o de Lygia Clark, as pessoas sabem que arte é algo renovador para a alma, mas nossa época atual (ou diria, atualizando o momento), existe um certo preconceito daquilo que vem de fora das tradicionais escolas de arte, e isso se alastrou enormemente nos últimos 15 anos. Existe uma necessidade? A de fazer. As percepções e as gerações estão mudando...
Qual foi a coisa mais importante que você já fez pra conseguir chegar onde você está?
Foi provavelmente ter tido vergonha na cara pra assumir que desenhar é a melhor coisa que eu sei fazer na vida.
O que é o Upgrade do Macaco?
O Upgrade do Macaco é uma Irmandade, somos amigos há muito tempo e temos muito em comum na exploração do imaginário. Pra nós é como uma nave-mãe, nos leva através das dimensões da mente, não se trata de ideologia ou qualquer outra patologia. A Irmandade existe porque somos irmãos de sangue, é a tinta que flui e nos move. Começou comigo, com o Geraldo Tavares, 9Li, Averara, Wagner Pinto, Carla Barth, Luke Scherer, Luiza Ritter, Carlos Diaz, Trampo e Ale Marder. Acho que a Irmandade sempre se eleva quando um de nós se manifesta. Mesmo assim sua existência é interior, está dentro de cada um de nós, atualmente nossa manifestação física tem sido o site (upgradedomacaco.com.br), mas quanto aos projetos futuros, isso é uma surpresa.
Short Cut
Do que você mais tem medo: De mim mesmo. Daniel Johnston diz assim: "Fear yourself, love your enemies".
Melhor artista vivo: Lucien Freud.
Um disco pra ouvir pro resto da vida: Pink Moon do Nick Drake.
Gostaria de beber com (artista vivo ou morto): Jean Delville.
Se eu morresse amanhã: Voltava da cova pra fazer um dance!
O que tu espera do MCDLab? Que todos os amigos compareçam pra representar!
Uma cor: A inexistente.
Moda é: Uma delícia.
Arte é: Viver!
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